terça-feira, 2 de setembro de 2008

«It's a great blue-collar, hourly-paid, union job up there»

A decisão de John McCain de nomear Sara Pallin como vice da sua candidatura espantou meio mundo. Por muitas voltas que dê ao assunto, não consigo encontrar melhor adjectivo do que aquele usado por Michael Tomasky: trata-se de uma «insane choice».

A quantidade de problemas causados por Pallin a McCain pode ainda ir no início. Não vale a pena falar muito dos rasgados elogios a Hillary Clinton que deixaram McCain embaraçado parante as câmaras; nem do facto de a sua filha adolescente e solteira estar grávida de 5 meses (a gravidez adolescente é, afinal de contas, uma espécie de pecado capital para os conservadores, e um indicador inequívoco da negligência dos pais na educação das suas filhas). Polémicas novas parecem surgir todos os dias a um ritmo espectacular.

Do ponto de vista sócio-económico, é mais interessante o que Palin disse em resposta a uma pergunta sobre o marido, numa entrevista realizada uns dias antes de ser seleccionada para ser a vice de McCain:

«Q: Your husband works up in the North Slope, correct?

A: He does. He works for BP as an oil production operator up in the oil fields. It's a great blue-collar, hourly-paid, union job up there. It's one of those jobs that Alaskans really like to have because it provides so well for a family, and Alaskans are very blessed to have the opportunities to work in the oil patch. »

Alguém tem de informar Sarah Pallin que o partido a que pertence não tem feito outra coisa nos últimos 30 anos senão atacar e destruir - em aliança com os interesses do patronato norte-americano - milhões de "blue-collar, hourly-paid, union jobs". De tal forma que em 2007 «union members accounted for 12.1 percent of employed wage and salary workers».
Fazer o elogio do emprego sindicalizado, bem pago, com descontos para a segurança social e seguro de saúde, não tem grande coisa a ver com o programa económico do Partido Republicano.

Talvez não seja desconhecimento. Talvez seja apenas hipocrisia.

Sem comentários: