quinta-feira, 3 de julho de 2008

O 'monstro'

Há pelo menos um quarto de século que a área da saúde, a par das pensões - e antes da 'globalização' entra na moda -, é vista como o monstro que vai arruinar o Estado social. Como escreve Vasco Pulido Valente semana-sim-semana-sim, nós - isto é, os europeus - não podemos pagar "isto". "Isto" é o Estado social, e por consequência a saúde, um dos mais pesados "luxos".

Esta posição substima a inteligência reformista dos sistemas políticos, e a capacidade para aprender e fazer as correcções de trajectória necessárias. A primeira figura mostra precisamente este processo desde o virar do milénio; a meio da presente década, o aumento das despesas com o sector da saúde passou a ser a inferior ao crescimento económico, de forma a garantir a sustentabilidade dos sistemas nacionais. Por outro lado, quem está literalmente com dificuldade para pagar as contas são milhões de famílias norte-americanas (ver segunda figura) que, para parafrasear Rui Ramos, um dia acordaram e viram que tinham que vender a casa para pagar uma qualquer operação de médio risco.


No fundo, nada disto é estranho: o que se passa nos EUA é o que se aprende, como bem lembra Paul Krugman no seu último livro (cap.11), numa cadeira introdutória de economia da saúde.

O que é preocupante é ver Portugal cada vez mais à esquerda na segunda figura, solidamente instalado no grupo dos países que têm sistemas mistos bismarckianos (França, Alemanha, Suíça) e que saem por norma mais caros que do que os públicos beveridgianos, que é o modelo do National Health Service britânico, no qual o sistema portugues se inspirou de perto. Pois bem, veja-se onde está o Reino Unido e onde estamos nós. A diferença não está sequer nos gastos públicos, mas no que os portugueses precisam de gastar do seu próprio bolso para terem acesso aos serviços que estão integrados no sistema britânico.

2 comentários:

MFerrer disse...

Pois, mas no UK o lobby das farmácias, dos laboratórios e a corporação dos médicos, nunca conseguiram impôr a política da saúde mais cara por habitante e mais ineficaz para o utilizador. Tal como na Educação, a finalidade primeira - apesar de muitas juras deontológicas em contrário - do SNS, sempre foi a manutenção dos empregos e não o serviço prestado aos Contribuintes.

Costa disse...

olhe meu caro quem advoga o fim do sns, nunca viveu num pais em que a saude e paga e os "sns" é ineizistente ou muito ruim , e so quem tem dinheiro e q e tratdo , quem nao tem morre a porta, cambada de imbecis e vendidos os que querem o fim do serviço nacional de saude