Para além dos elementos focados anteriormente sobre a relação entre níveis de escolarização e salários baixos, gostaria de centrar a análise num outro ponto que, em meu entender, é representativo do carácter dualista da nossa sociedade. Refiro-me à questão da igualdade de oportunidades que se expressa, entre outros aspectos, nas capacidades e reais possibilidades de mobilidade social. No relatório sobre a situação social europeia, já referido pelo Hugo, para além dos indicadores habituais que medem as desigualdades a partir da distribuição do rendimento (índice de Gini, risco de pobreza, etc.). O estudo mede a relação que existe entre a situação socioprofissional actual dos indivíduos e a dos seus pais. Ou seja, em que medida existe uma efectiva reprodução social determinada pela origem social.
A partir de uma comparação entre 25 estados europeus, verificamos que Portugal é de todos o país em que o background social é mais marcante e determinante. No nosso país a probabilidade de um filho de “gestores e/ou quadros superiores” chegar a uma posição similar é de 61%, próxima da média europeia (62%). Contudo, a mesma probabilidade (a de chegar a gestor ou quadro superior) é para o filho de um trabalhador manual (qualificado) de 19%, descendo para 14% nos trabalhadores manuais não qualificados; neste caso a diferença em relação à média europeia é abissal: 33% para os primeiros e 23% para os segundos. Nestes estratos somos o país que apresenta a menor probabilidade, o que quer dizer que, em 25 países, Portugal apresenta os níveis mais baixos de mobilidade social ascendente no que concerne aos indivíduos oriundos das famílias mais desfavorecidas. Ou dito de outro modo, a origem social ainda é um factor determinante na sociedade portuguesa. Aliás, não estamos muito longe daquele dito popular: "diz-me de quem és filho e eu digo-te o que serás…"
Este é mais um indicador revelador de como o problema das desigualdades é algo muito profundo na sociedade portuguesa, requerendo uma visão pluridimensional que não restrinja a análise aos indicadores mais mainstream. E para quebrar este ciclo vicioso entre origem social e trajectória de vida são necessárias um conjunto de políticas transversais, como referi num post anterior, capazes de transformar os efeitos perversos do nosso modelo económico.
A partir de uma comparação entre 25 estados europeus, verificamos que Portugal é de todos o país em que o background social é mais marcante e determinante. No nosso país a probabilidade de um filho de “gestores e/ou quadros superiores” chegar a uma posição similar é de 61%, próxima da média europeia (62%). Contudo, a mesma probabilidade (a de chegar a gestor ou quadro superior) é para o filho de um trabalhador manual (qualificado) de 19%, descendo para 14% nos trabalhadores manuais não qualificados; neste caso a diferença em relação à média europeia é abissal: 33% para os primeiros e 23% para os segundos. Nestes estratos somos o país que apresenta a menor probabilidade, o que quer dizer que, em 25 países, Portugal apresenta os níveis mais baixos de mobilidade social ascendente no que concerne aos indivíduos oriundos das famílias mais desfavorecidas. Ou dito de outro modo, a origem social ainda é um factor determinante na sociedade portuguesa. Aliás, não estamos muito longe daquele dito popular: "diz-me de quem és filho e eu digo-te o que serás…"
Este é mais um indicador revelador de como o problema das desigualdades é algo muito profundo na sociedade portuguesa, requerendo uma visão pluridimensional que não restrinja a análise aos indicadores mais mainstream. E para quebrar este ciclo vicioso entre origem social e trajectória de vida são necessárias um conjunto de políticas transversais, como referi num post anterior, capazes de transformar os efeitos perversos do nosso modelo económico.
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